Tempo do Advento – Um mundo novo e fecundo!



“O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem chamada Maria, prometida em casamento a José, descendente do Rei Davi” (Lc 1,26-27). Assim começa a maior história de todos os tempos, a história de Deus que se faz homem e nasce entre nós. É curioso que o Senhor tenha escolhido essa forma de vir ao mundo. Ele que poderia aparecer nas nuvens ou em uma carruagem de fogo, preferiu nascer de uma virgem, na periferia do mundo antigo, e experimentar todas as alegrias e contradições da nossa carne.

A continuação da história é bem conhecida. Maria concebeu Jesus a partir do Espírito Santo, a sua fecundidade é dom divino e nos mostra a incrível capacidade de Deus em gerar vida a partir do nada, tal como no princípio criou os céus e a terra (Gn 1).

Essa fecundidade virginal de Maria é completamente oposta ao conceito “animal” que temos da geração da vida e vai muito além da mera procriação biológica. Jesus revolucionou a ordem biológica da fecundidade, tornando fecundo não aquele homem que gera vida, mas aquele que se reconhece em Cristo e dá a vida pelo irmão. Esse ato de amor é o extremo da fecundidade: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” (Jo 12,24).

Mas no último Sínodo nós bem vimos que as relações afetivas ainda são condenadas quando não buscam a procriação. São classificadas como contrárias a vida, reduzindo o homem a um mero animal incapaz de unir o desejo a ternura. Contudo, entrar na verdadeira fecundidade cristã não está ligado em primeiro lugar ao fato de ter filhos, mas à realização do Reino nas nossas vidas. E é por isso que nós, casais homossexuais, também somos fecundos e criativos, mas de modo diverso.

E nesse momento em que celebramos a Encarnação do Verbo e com os olhos voltados na esperança e alegria da segunda vinda de Jesus, nós, tal qual Martin Luther King, temos um sonho: que nas nossas Igrejas, finalmente de portas abertas a toda a humanidade dos homens e das mulheres de hoje, cada um e cada uma seja acolhido/a como Filho e Filha de Deus, com suas riquezas e suas faltas, na Alegria e na Fraternidade e que na barca do Senhor ninguém se sinta jamais um passageiro clandestino!

Por Lucas Paiva

*Imagem do casamento de Vivian Boyack e Alice Dubes em setembro deste ano, que oficializaram sua união após 72 anos juntas.

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